Homem recebe transplante de rosto; cirurgia demorou 26 horas
Um homem recebeu o mais extensivo transplante de rosto da história, de acordo com o centro médico Langone, da Universidade de Nova York.
O bombeiro Patrick Hardison, de 41 anos, passou por uma cirurgia de 26 horas, em agosto deste ano, na qual trabalharam 100 médicos, enfermeiras e auxiliares. O homem recebeu o rosto de David Rodebaugh, um artista e ciclista profissional, que morreu em um acidente de bicicleta, aos 26 anos de idade. O custo da operação foi de 850 mil a 1 milhão de dólares, de acordo com o hospital.
Hardison sofreu o acidente que deixou seu rosto desfigurado quando entrou em uma casa em chamas para salvar uma mulher, em setembro de 2001, e parte do teto caiu sobre ele. O bombeiro conseguiu sair do local por uma janela, mas seus companheiros já não conseguiam reconhecê-lo, devido à extensão dos danos em seu rosto.
“Ele perdeu suas pálpebras, orelhas, lábios e mais de seu nariz, assim como o seu cabelo, incluindo as sobrancelhas”, de acordo com o centro médico Langone.
Antes de passar por esta última cirurgia, Hardison já tinha passado por mais de 70, mas ainda não tinha conseguido retornar à vida como ela era antes do acidente.
Um colega de trabalho sugeriu a Hardison que ele tentasse fazer uma cirurgia de transplante de rosto em 2012. Com essa ideia em mente, ele conheceu o Dr. Eduardo Rodriguez, que, atualmente, trabalha no centro médico Langone, no departamento de cirurgias plásticas.
A taxa de sobrevivência de pacientes desse tipo de intervenção é de 50%. “Não é uma operação para qualquer pessoa. É para indivíduos muito corajosos”, disse Rodriguez, segundo a Vice. A animação abaixo mostra como é o procedimento.
O médico conta que um colega seu tentou realizar o procedimento na França, no ano passado, mas o paciente não resistiu.
Ainda assim, o bombeiro decidiu se arriscar para melhorar sua qualidade de vida. “As crianças corriam e choravam quando me viam. Há coisas que são piores do que a morte”, afirmou.
Hardison teve que esperar por cerca de um ano até que fosse encontrado um doador que tivesse o mesmo tipo sanguíneo, cor similar e estrutura óssea facial parecida com a sua.
A mãe de David Rodebaugh, o jovem que teve morte cerebral após seu acidente de bicicleta, não hesitou em aceitar doar o rosto de seu filho, de acordo com o LiveOnNY, uma rede de doadores que era chamada de New York Organ Donor Network.
“Sou profundamente grato ao meu doador e a sua família. Apesar de não saber quem eles seriam, eu rezei por eles todos os dias, sabendo da difícil decisão que eles teriam que tomar para poder me ajudar. Espero que eles vejam em mim a bondade de sua decisão”, declarou Hardison, segundo a Newsweek.
O paciente pôde piscar três dias após a cirurgia e, uma semana depois, também pôde se sentar. Ele só pôde se olhar no espelho e receber visitas 63 dias após a operação. Agora, três meses após o procedimento, ele conseguiu retomar suas atividades diárias de maneira independente.
“Estava acostumado com as pessoas olhando para mim o tempo todo, mas agora eu sou uma pessoa normal”, declarou Hardison, de acordo com a Associated Press.
Os médicos dizem que ele não apresentou sinais de rejeição, o que deve acontecer em um período de 90 dias. Até fevereiro, o paciente passará por mais uma operação para refinar o visual dos seus lábios e olhos.
A história de Hardison foi contada em um vídeo publicado no YouTube pela Universidade de Nova York.
OUTROS TRANSPLANTES DE ROSTO
No mundo, 35 pacientes receberam transplantes de rosto. O procedimento é arriscado não só na mesa de operação, mas também há grandes chances de rejeição do tecido recebido.
O primeiro transplante de face aconteceu em 2005, na França, em uma mulher que tinha perdido as bochechas, os lábios e grande parte do nariz, após ter sido atacada por um cachorro. Em 2010, foi realizado o primeiro transplante total de rosto na Espanha.
Em 2012, o centro médico da Universidade de Maryland anunciou a operação mais abrangente da época, realizada em um homem de 37 anos. A cirurgia levou 36 horas e a equipe era de 150 profissionais.
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