O que é o Poço Feio?
















(*) José Romero Araújo Cardoso

Poço Feio, na verdade, é um afloramento d´água sujo e barrento, o qual, segundo a população do lugar, nunca secou totalmente, estando próximo de uma caverna calcária localizada na comunidade rural do sítio Bonito, em Governador Dix-sept Rosado (RN).
O Poço Feio real, sem nenhum atrativo, desprovido de belezas naturais, o qual serve tão somente para dessedentar o gado, deu nome a um dos mais belos cartões-postais da antiga capital do alho e da cebola em território potiguar.
A área em destaque pela beleza natural trata-se de uma das poucas grutas inundadas com origem em rochas metamórficas no Estado do rio grande do Norte, ou seja, é uma ressurgência que tem sua origem em todo complexo da bacia potiguar, pois a água, que escoa pela cavidade calcária da caverna do Poço feio, tem tonalidade azulada, a qual, conforme especialista, pode ser rica em cobre ou cobalto, pois ainda não foi feita análise química para comprovar o que realmente a torna dessa cor.
A água do rio Apodi-Mossoró e seus afluentes escoam pelo calcário jandaíra, solúvel em água, razão da existência profusa de cavernas, sobretudo nos municípios de Felipe Guerra, Governador Dix-sept Rosado, Apodi, Baraúnas e Mossoró, atravessam toda extensão das formações cársticas e, com certeza, segue até o arenito, em profundidades estupendas.
Por um capricho da natureza, essa água não fica acumulada no lençol freático, pois é submetida a uma força impressionante que a faz ressurgir justamente na caverna calcária do Poço feio, escoando em direção ao leito do rio Apodi-Mossoró.
Nitidamente podemos notar a diferença entre a água que escoa da caverna calcária do Poço feio e a água que serpenteia o leito do rio Apodi-Mossoró, pois fauna e flora se diferenciam.
Infelizmente transformado em área de lazer pelo turismo predatório, a área do Poço feio vem apresentando sinais evidentes da exagerada antropização, exigindo com urgência a intervenção de órgãos públicos e privados comprometidos com a preservação da natureza, pois a sensibilidade calcária pode transformar o prazer em desespero, sobretudo quando observamos que a capacidade de suporte da caverna calcária está comprometida pelo grande afluxo de pessoas em direção ao balneário, sobretudo em finais de semanas e feriados.
Se o compromisso com a natureza não integrar as práticas humanas, em pouco tempo não disporemos de belezas naturais ímpares para regozijo das gerações futuras, condição indispensável para uma boa qualidade de vida.

(*) José Romero Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

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